A brincadeira nada mais é do que uma atividade movida pela imaginação, através dela a criança tem a capacidade de estruturar o seu funcionamento psíquico e o brinquedo desempenha um papel fundamental nesse contexto. Isso é o que defendia Lev Semionovitch Vygotsky, pensador e psicólogo voltado para o desenvolvimento intelectual infantil.

Por isso, pedagogos e terapeutas falam tanto sobre a importância do brincar. É na brincadeira que a criança assimila questões abstratas, dando para o brinquedo a significância que lhe faz sentido, de acordo com suas necessidades. Isso ajuda na identificação de seus problemas e sentimentos e na superação de dificuldades.

Pensando na importância deste assunto, conversamos com alguns profissionais que já fazem ou fizeram uso da ludoterapia (técnica psicoterápica respaldada no fato de que o brincar é um meio natural de auto-expressão) em suas sessões e propomos um diálogo com pais e profissionais sobre o uso terapêutico de brinquedos. Acompanhe nosso texto até o final 🙂

O brinquedo nas salas de terapia

Por ser uma linguagem natural para a criança, a brincadeira pode ser considerada a principal intermediária entre terapeuta x criança. Para Stefanie Silveira*, Psicóloga Clínica e Terapeuta Relacional Sistêmica, é a partir da brincadeira que a criança se comunica, mostra a sua realidade e traz todas as informações e questões que precisam ser trabalhadas em terapia. “Por meio dos brinquedos, ela consegue gesticular, elaborar situações, e montar o seu discurso dentro e após a terapia”, conclui.

Por isso toda a sessão infantil se dá através do brincar. “É só na dinâmica entre terapeuta e paciente que é possível realizar a intervenção com crianças”, diz a psicóloga clínica Renata Martins*.

Para a fonoaudióloga e especializanda em Transtornos do Espectro Autista Stefanie Rozin*, quando uma criança não fala, por exemplo, é o lúdico que permite a criação de vínculo com ela para avaliar seus potenciais e os déficits, além de oportunizar o desenvolvimento de habilidades de comunicação com a criança.

Embora a ludoterapia seja direcionada e muito utilizada para pacientes que estão na fase da infância, o brinquedo também pode ser usado com jovens e adultos. Nesses casos, a ludoterapia visa ajudar no conforto de ideias e crenças, revitalizando as perspectivas dos pacientes, ajudando-os a terem insights e encontrarem novas formas de pensar.

Na terceira idade, os brinquedos podem ser aplicados para ajudar a desenvolver vínculos emotivos dentro do atendimento clínico. De acordo com o Educador Social do Envelhecimento, *Vinícius Coelho, os brinquedos resgatam memórias, acessam emoções, incentivam a imaginação e em sua maioria geram socialização. A partir de um brinquedo uma história pode ser relembrada, um desafio pode ser superado, uma sensação de conquista pode ser gerada, trazendo diversos benefícios como a autoestima, que fortalece a identidade e estimula a parte cognitiva e motora.



Os brinquedos da Lume em uso terapêutico

O uso de brinquedos em terapia possibilita a manifestação de expressões internas para todas as faixas etárias, por proporcionarem uma série de atividades enriquecedoras dentro do espaço clínico.

A aplicação se destaca bastante na terapia familiar. “O desafio do equilíbrio, por exemplo, ajuda a trabalhar questões de relação entre pais e filhos, ajudando a estabelecer limites, respeitar o tempo e o espaço do outro, e também criar momentos de conexão em família, já que muitos casos os pais não se envolvem no processo de brincar dos filhos”, relata Stefanie Silveira.

Já a utilização na terceira idade engloba uma série de aspectos que se relacionam com os diferentes níveis de mobilidade, independência e capacidade motora dos idosos. O efeito dominó master, o desafio do equilíbrio, o arco-íris, as formas, o kit inventando e consertando são ótimas possibilidades para trabalhar com esse público.

Para ilustrar melhor, o Educador Social relata como seria o uso dos brinquedos em uma sessão: uma dinâmica com o arco-íris por exemplo, podemos conversar um pouco sobre a importância de estimular a coordenação motora fina e como ela nos ajuda nas atividades da vida diária, então faríamos o desafio da torre que seria tentar equilibrar uma peça em cima da outra com a meia lua voltada para baixo, e observarmos como seria o desempenho dos idosos e quantas peças cada um conseguiria equilibrar, lembrando que é importante colocar como um tom de desafio, de superação para que despertem o interesse, além de relacionar a atividade com o cotidiano para que tenha sentido a proposta realizada.   

O grande diferencial do uso de jogos na terapia

Para muitos profissionais, o uso de brinquedos é fundamental nas sessões, pois eles são reais facilitadores no processo de perceber o paciente. No entanto, em alguns nichos, a ludoterapia se destaca por apresentar um grande diferencial nos resultados, já que tem o poder de envolver o paciente, fazendo com que ele sinta prazer em participar das atividades propostas. 

De acordo com Rozin, fonoaudióloga infantil, “Para a criança, os brinquedos são primordiais. Muitas vezes, na terapia, a gente precisa ensinar a criança a brincar, ela não nasce sabendo brincar, sabendo explorar os objetos de forma adequada e compartilhar a atenção. Então a gente acaba usando os brinquedos para isso e o paciente é extremamente beneficiado”,  afirma Rozin.

Para Vinícius, os brinquedos servem como ferramentas de integração social, de integração da identidade, de fortalecimento da autoestima, resgata memórias, acessa as emoções e pode até gerar sensações de realização a partir do que está sendo proposto. Tudo isso colabora com o quadro de saúde clínica do idoso, que pode viver um dia a dia mais alegre e criativo. No entanto, ressalta, “dentro desse processo é importante tomar cuidado para não infantilizar o idoso com a proposta oferecida e, sim, tratá-lo como sujeito experiente que já possui uma vasta experiência de vida. Com um brinquedo na mão, o idoso não volta a ser criança, ele continua sendo idoso porém com um brinquedo na mão e com a possibilidade de satisfazer a sua criança interior.                 

Com a abordagem adequada, o uso de jogos e brinquedos como ferramentas terapêuticas se mostram eficazes no auxílio do desenvolvimento e transformação de pacientes, permitindo que estes se livrem de suas pendências internas.

Os blocos de diferentes cores e formas presentes nos brinquedos da Lume proporcionam um brincar não estruturado, que facilita a expressão e criação livres, inclusive em adultos. Sem contar que a sessão fica mais prazerosa e divertida!

Fontes:

*Renata Martins, Psicóloga Clínica – redes sociais: @mrtnsrenata;

*Stefanie Silveira, Psicóloga Clínica e Terapeuta Relacional Sistêmica – contato: (48) 991149385;

*Stéfanie Rozin, Fonoaudióloga e Psicopedagoga, Especializanda em Transtornos do Espectro Autista – redes socias: @stefanierozin;

*Vinícius Coelho – Educador Social do Envelhecimento – @exp_oceanica; [email protected]