Quando nasce uma criança, uma das primeiras questões que permeiam o pensamento do pai e da mãe é: como o meu filho vai se desenvolver? Como ele vai aprender a se expressar, se movimentar, realizar algo, se relacionar…
Sabemos o quanto essa questão é importante e acompanha a família em toda a sua trajetória, e a boa notícia que trazemos nesse texto é que o aprendizado, algo tão necessário para o desenvolvimento da criança, acontece a todo momento, no dia a dia, e com a prática. É fazendo que se aprende!
Veja, ao longo do texto, uma rápida abordagem sobre métodos que combinam teoria com prática, e exemplos de como é possível, com o brincar e a experimentação, despertar nas crianças diversas habilidades que são fundamentais para o seu desenvolvimento: as sensoriais, cognitivas e motoras; os conhecimentos teóricos; e as sociais e emocionais.
A PRÁTICA E O APRENDIZADO
Seja em casa, na escola, ou onde estiverem, as crianças, assim como os adultos, aprendem a todo momento. Isso acontece porque o conhecimento é adquirido a partir de experiências e percepções. Por isso, abordar o aprendizado a partir de práticas, do fazer e experimentar, é fundamental para que ele ocorra de forma efetiva.
Nesse contexto, métodos de ensino baseados na transmissão de conhecimento passivamente tornam-se obsoletos. As metodologias baseadas no aprender fazendo e na aprendizagem ativa tornam-se necessárias para aprimorar a educação.
A seguir, apresentamos uma rápida abordagem de alguns estudos sobre o tema:
– O método Montessori, um conjunto de teorias e práticas desenvolvido por Maria Montessori, tem como alguns de seus aspectos básicos a necessidade de a criança aprender fazendo e a utilização de materiais multissensoriais, que permitem exploração física e ensino conceitual por meio da manipulação concreta. [1]
– As técnicas pedagógicas de Célestin Freinet indicam o tateio experimental como sendo a principal fonte da aprendizagem. Assim, a experiência da criança, e não a observação, deve ser considerada como forma privilegiada de aquisição de conhecimentos. Tanto a memória como a inteligência são derivadas das atividades e experiências vividas pela criança.[2]
– O método “apreder fazendo” ou “learning by doing”, idealizado por John Dewey, defende que a educação é o resultado da interação do organismo com o meio, a partir da experiência. Assim, em um processo de reconstrução e reorganização das experiências adquiridas, serão influenciadas as experiências futuras.[3]
– A Teoria da Escolha, desenvolvida por William Glasser, defende que, dependendo de como entramos em contato com o conhecimento, apenas uma parte dele é assimilado. Na imagem a seguir, é apresentada uma pirâmide que indica a quantidade de absorção do aprendizado a partir de cada técnica utilizada, na qual fica representado que os atos de ver e ouvir não apresentam tanta eficácia quanto as práticas relacionadas ao fazer, tais como interpretar, expressar, identificar, utilizar e comunicar.[4]
APRENDIZAGEM A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS ADQUIRIDAS NO ATO DE BRINCAR
A criança, em seus primeiros anos, está em pleno desenvolvimento, sendo importante que ela receba condições para que sua aprendizagem aconteça. Nesse contexto, destaca-se o brincar como o seu principal meio de aprendizagem. Afinal, é brincando que ela vai experienciar diversificadas ações, tais como: testar, construir, descobrir, tomar decisões, pensar e agir sobre os objetos, se relacionar com outras pessoas, cooperar, competir, sentir emoções.
Fica cada vez mais evidente que as crianças adquirem conhecimentos e habilidades, de uma forma mais clara e profunda, através da associação entre prática e aprendizado, e isso se dá em todas as áreas, tais como sensoriais, cognitivas, motoras, teóricas, sociais e emocionais, as quais serão abordadas a seguir.
Aprender brincando: habilidades sensoriais, cognitivas e motoras
O desenvolvimento de habilidades sensoriais, cognitivas e motoras, pode ser estimulado desde os primeiros meses da criança, ao se permitir que ela toque, sinta, perceba e interaja com o meio que a rodeia. Para isso, é importante que os ambientes que ela frequenta estejam preparados para que possa se movimentar livremente, além de haver estímulo ao movimento e à ação. Além disso, colocá-la em contato com variados materiais e objetos é uma forma de permitir que experiencie diferentes texturas, sabores, estímulos visuais e sonoros que possam ser reconhecidos por ela.
Pode-se destacar a importância de as crianças pequenas:
- Se movimentarem livremente pelos ambientes que frequentam, havendo estímulo ao movimento e à ação;
- Entrarem em contato com o que é natural, como brincar na areia, sentir o toque de plantas, experimentarem diversos alimentos naturais;
- Manipularem objetos com diferentes formatos, pesos, texturas, cores, e que produzam diferentes sons e modificações de formato a partir da ação gerada pela manipulação da criança.
Pensando nisso, A Lume desenvolve brinquedos para serem materiais com os quais as crianças possam realizar experimentações. Como exemplos podemos citar a Coleção Mundo Lume, voltada para crianças a partir de 18 meses, composta por conjuntos de peças pensados para que, durante a brincadeira, sejam desenvolvidas e estimuladas habilidades como: a coordenação motora, a percepção de formas, tamanhos, cores e pesos, e a exploração, organização e planejamento de elementos no espaço.
E desenvolveu a Coleção Brinquedos Sensoriais, para bebês que estão começando a conhecer o mundo, composta por brinquedos que combinam diferentes materiais, texturas, formatos, sons e movimentos, para estimular os sentidos e a coordenação ao serem manuseados pelos bebês.
Aprender brincando: conhecimentos teóricos
Com relação à aprendizagem de conhecimento teórico a partir de experiências, pode-se citar conhecimentos de física, raciocínio lógico, conhecimento estratégico, eletrônica, programação, entre outros.
Conceitos de física, por exemplo, podem ser assimilados por meio da interação com situações concretas. Espaço, velocidade, aceleração, tempo… Para facilitar o entendimento destes e de outros conceitos, que depois poderão ser utilizados para desenvolver algo ou resolver uma situação, é recomendado apresentar à criança uma situação concreta, na qual ela possa agir, experimentar, descobrir, sentir e pensar.
Um meio interessante para a assimilação desses conhecimentos teóricos ligados à lógica, é a construção de objetos, robôs e estruturas.
Uma prática interessante é a construção de circuitos com peças que geram reação em cadeia. Um exemplo são os circuitos que podem ser montados com o brinquedo Efeito Dominó, nos quais as peças, depois de alinhadas, devem ser derrubadas uma após a outra.
Ao enfileirar as peças, a criança vai percebendo que, se ela colocar uma muito próxima da outra, pode não ser gerada força suficiente para empurrar a outra ao cair. Na próxima tentativa, se a criança montá-las mais afastadas, perceberá que, havendo um maior deslocamento da peça anterior, a seguinte cairá. Neste momento, ela acabou de agir pela lógica que aprendeu. E, também, acabou de vivenciar um fenômeno físico: a maior ou menor aceleração da peça caindo, que resulta numa maior ou menor força aplicada na próxima peça.
O brinquedo Corrida de Bolinha é outro exemplo de montagem de circuito em que, a partir da experimentação, são assimilados conhecimentos.
Mesmo não sabendo o conceito teórico sobre a Força da Gravidade, a criança experimenta esta força ao montar uma estrutura para largar a bolinha e ver ela rolar. Se a criança colocar a peça em que a bolinha for passar em uma posição inclinada contra a gravidade, ela vai perceber que a bolinha “não sobe sozinha”, e logo reposicionará a peça para uma posição favorável para o rolamento da bolinha.
Quando, na escola, forem apresentados à criança conceitos físicos, tais como força, aceleração, velocidade e gravidade, a experiência vivida servirá de base concreta para o conhecimento.
Aprender brincando: habilidades sociais e emocionais
Com relação a habilidades sociais e emocionais, pode-se citar as voltadas à comunicação, à regulação das emoções, à resiliência, à facilidade para trabalhar em equipe e ao gerenciamento de pessoas.
Brincando as crianças são colocadas em diversas situações, tais como se depararem com um desafio que ainda não sabem resolver, errarem e precisarem lidar com o erro, precisarem desenvolver algo em grupo ou compartilhar objetos e momentos com outras pessoas. Assim, aprendem a lidar com esses acontecimentos, desenvolvendo reações e regulando suas emoções com a prática, ou seja, vivenciando essas diversas situações.
Pesquisadores concluíram haver uma correlação direta entre a quantidade de brincadeiras e a capacidade de enfrentar problemas que as crianças desenvolvem, em um estudo realizado com crianças em idade pré-escolar de um centro de desenvolvimento infantil em Massachusetts, por meio de um teste de avaliação lúdica e uma lista de competências. Percebeu-se que, quanto mais as crianças participavam de contextos sociais e lúdicos, mais aprendiam competências sociais e melhor se saíam em situações de crise.[5]
Ao brincar em grupo, as crianças aprendem, com a prática, a controlar suas emoções e a negociar com outras pessoas, de diversas personalidades, para que a brincadeira continue e seja interessante para todas. Em um jogo pode haver conflito ou cooperação, e surgem tanto sentimentos como alegria e partilha quanto aqueles mais desafiadores, como a raiva e o medo. Habilidades como o autocontrole e a resiliência, fundamentais para a felicidade na vida, são desenvolvidas brincando.
VAMOS BRINCAR MUITO?
Como vimos, são diversos os exemplos de como brincar proporciona que a criança viva experiências. E a forma mais eficaz para aprender é por meio de experiências vividas!
Então, vamos brincar muito?
Estimule que as crianças brinquem, ou seja, que elas ajam, experimentem, descubram, sintam e pensem!
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Nós, da Lume, desenvolvemos brinquedos que estimulam as crianças a aprenderem brincando.
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[1] FARIA, Ana Carolina Evangelista et. Al. Método Montessoriano: a importância do ambiente e do lúdico na Educação Infantil. Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery. Número 12. Jan/Jun de 2012. Disponível em: http://re.granbery.edu.br/artigos/NDY2.pdf
[2] SILVA, Ana Laura Ribeiro da, et al. Pedagogia Freinet e a escola no século XXI: perspectivas humanizadoras para o trabalho pedagógico. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 12, n. esp. 1, p.669-687, 2017.
[3] A prática do “aprender fazendo”. Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-pratica-do-aprender-fazendo/42177
[4] A pirâmide de aprendizagem de William Glasser. Disponível em: https://www.soescola.com/2017/08/a-piramide-de-aprendizagem-de-william-glasser.html
[5] ALEXANDER, J. J. e SANDAHL, I. D. Crianças dinamarquesas: o que as pessoas mais felizes do mundo sabem sobre criar filhos confiantes e capazes. Fontanar, 2016. 144 p.
