A participação ativa do homem na educação dos filhos precisa ser construída

O Pai e a parentalidade ativa

O bem-estar psicossocial das crianças é influenciado por todos os indivíduos envolvidos em sua educação e cuidado, incluindo os pais biológicos, adotivos, cuidadores ou responsáveis legais. Neste sentido, a parentalidade ativa assume um papel de grande importância no desenvolvimento da criança, pois encoraja pais/tutores/responsáveis a assumirem uma postura ativa enquanto condutores no desenvolvimento dos seus filhos. 

Quando executada de maneira positiva, a parentalidade ativa privilegia uma interação entre adulto e criança pautada no respeito aos interesses da criança, favorecendo a autonomia e o reconhecimento dos pequenos como indivíduos presentes. Em outras palavras, o relacionamento é fundamentado no cuidar, liderar, ensinar, comunicar e suprir as necessidades de uma criança de maneira consistente e incondicional. Isso acaba formando um adulto com habilidades de autocontrole, reduzindo a probabilidade de comportamentos problemáticos, além de, claro, construir um relacionamento afetuoso entre pais e filhos.

A paternidade ativa

Mais uma vez, celebramos o Dia dos Pais, uma data festiva e importante do calendário, ainda mais em meio a uma pandemia. 

Se estamos falando deste dia, que tal falarmos também sobre paternidade?

A paternidade ativa é aquela em que o pai assume a sua responsabilidade e importância na criação dos filhos. Não é sobre ‘dar uma ajuda’ e sim sobre ser tão responsável pelo bem-estar e cuidado dos filhos quanto a mãe deles.

Ser pai não é fácil e não vem com manual de instruções. Até pouco tempo atrás, ser pai se restringia a ser o provedor financeiro e exercer uma figura de autoridade. As questões emocionais vinham com baixo ou nenhum envolvimento entre os pais e os filhos.

Os cuidados eram exclusivos das mulheres. Não só dos filhos, mas também dos idosos, animais e quem mais precisasse de ajuda. Acontece que nós, seres humanos, precisamos de ajuda sempre. Ninguém sobrevive sem o cuidado de terceiros. Nascemos frágeis e incapazes de darmos nossos primeiros passos sozinhos.

Felizmente, a busca por equidade fez essa roda girar. Hoje, muitos homens são verdadeiramente corresponsáveis pela criação de seus filhos. A isso dá-se o nome de “paternidade ativa”. Para entender melhor, vale ir no dicionário e ver o significado de “ativo”. De acordo com o Michaelis, o adjetivo significa:

ativo

1 Que se caracteriza pela ação ou prática e não pela contemplação ou especulação; objetivo, prático, pragmático.

2 Que está sempre em atividade; atuante, participante, presente.

3 Que está trabalhando; que está desempenhando sua função em um momento dado.

4 Que tem participação, influência, autoridade; importante, influente, respeitado.

O nome, que é certeiro, indica o que deveria ser senso comum: os pais são tão importantes e responsáveis pela criação de seus filhos quanto as mães. As tarefas precisam ser divididas igualmente.

De maneira honesta, também deve-se reconhecer que nem todos os pais não aprenderam como ser pais. Os modelos antigos de paternidade são referências arcaicas, enquanto o novo modelo ainda está sendo construído. A maioria das mulheres cresceu aprendendo a cuidar, a brincar de casinha, a ser mãe. Ao contrário de boa parte dos homens, que foram ensinados a não demonstrarem sentimentos e a superarem as coisas calados.

Ainda que isso explique, ao menos em partes, o porquê das coisas serem como são, esse não é motivo para não continuarmos avançando nesse debate.

Sendo assim, trazemos aqui um pouco de reflexão e pontos que são fundamentais para que os pais sejam bons pais, realmente ativos, presentes e responsáveis. Esse é apenas um começo de conversa.

Presença emocional: assumir tarefas domésticas como cozinhar ou lavar roupas é importante, mas não é só isso. A presença emocional demanda atenção contínua aos anseios da família, disponibilidade para escutar, conversar e estar verdadeiramente presente na vida dos filhos. Reservar espaço na agenda para estar junto com os filhos também é uma maneira de estar presente emocionalmente, afinal, as mães também precisam ter seus momentos de lazer e descanso.

Educação parental: é urgente que pais se eduquem em relação ao desenvolvimento infantil, se envolvendo e compreendendo as informações sobre como criar uma criança.

Criação contínua de vínculos: a criação de vínculos se faz nos pequenos detalhes: dando banho, brincando, levando para a escola, explicando as dúvidas da criança e ensinando. A criação de vínculo não pode ser uma atividade esporádica. Deve ser uma atividade recorrente, feita com amor e atenção.

Participação na rotina: vacinas, reuniões dos pais nas escolas, verificar se há uniforme lavado e pronto para ser usado… tudo isso faz parte da diversidade de tarefas as quais os pais são corresponsáveis. Mas atenção: ter que ser avisado para verificar estes itens não é participar, viu? Essa carga mental também precisa ser dividida.

Constante desconstrução de ‘verdades incontestáveis’: é preciso rever aquilo que se tem como ‘certo’ na paternidade. Sempre. Por ainda vivermos com inúmeras distorções no papel do que é ser pai, vale sempre questionar o que você tem como correto na paternidade. Atualizar o modo de viver significa evoluir enquanto pessoa e sociedade.

Participação nos momentos difíceis: exceto nos comerciais de margarina, os momentos difíceis sempre chegam. Criar humanos envolve inúmeras renúncias e muito jogo de cintura. Porém, os momentos de ‘treta’ podem ser uma ótima oportunidade para fortalecer vínculos e ajudar a criança a superar as adversidades da vida.

Ser pai pode ser uma das funções mais legais que você terá em toda sua vida. Você terá a chance de ensinar o seu ponto de vista sobre o mundo para seus filhos, além de vê-los crescer e florescer. 

Certamente significa também que você irá renunciar ao futebol de sábado de manhã ou terá que assistir pela milésima vez um filme infantil ao invés do show que pretendia. Em contrapartida, quanto mais positiva e presente for a paternidade, maiores as chances das crianças que admirarem e respeitarem o seus pais.

Ninguém disse que é fácil, mas podemos dizer, sem dúvidas, que é urgente. Seja um pai ativo. Nunca é tarde demais para começar. Comece aos poucos e vá descobrindo o quão trabalhoso e gratificante é criar os seus próprios filhos.

Um Feliz Dia dos Pais! Que seja um dia de muito amor, carinho e olhos nos olhos. Você merece!

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Quer saber mais sobre o tema?

Nós sugerimos links bacanas sobre pessoas que estão abordando o tema ativamente.

Documentário Dads: essa é a dica de outra dica. Quem trouxe a sugestão foi o blog do Paizinho Vírgula, que conta aqui nesse link um pouco mais sobre essa produção, que é um imersão na paternidade moderna, e conta com depoimentos de pais famosos, como Will Smith, Neil Patrick Harris.

Instagram Homem Paterno: esse perfil traz conteúdos sobre suporte e orientação para homens com foco na gestação, parto e puerpério.