Há alguns meses estamos vivendo um momento singular e desafiador, que nos convida a repensar sobre nossas atitudes e de como estamos cuidando de nós mesmos, dos outros e do nosso planeta.

Estamos todos conectados, e mais do que isto, estamos percebendo muitas atitudes solidárias por parte de cidadãos e empresas em todo mundo, unindo-se em prol do bem comum. E é este ponto que vamos abordar nesse texto.

Quando passamos por uma situação adversa como a que estamos vivendo agora, com a pandemia do novo coronavírus, é perceptível a comoção de muitas pessoas em prol do outro. O sentimento de compaixão emana em nós e somos capazes de pensar e praticar várias ações de ajuda comunitária, mostrando como podemos ser cooperativos uns com os outros.

O mundo atual precisa cada vez mais de pessoas com atitudes colaborativas, empáticas e criativas. Mas a maioria de nós foi ensinado a competir em todos os âmbitos da vida, e não a cooperar. E por que essa cooperação ressurge principalmente nesses momentos?

Por que não conseguimos estar atentos a essas questões no nosso cotidiano, sermos mais empáticos com as pessoas que estão próximas a nós, a começar pela nossa família, nossos vizinhos, as pessoas que moram em nosso bairro, em nossa cidade, e por aí vai?

Essa questão é retratada por Maria Montessori, no livro “A Educação e a Paz”, no seguinte trecho:

“As pessoas educam para a competição e esse é o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar para a paz”. 

E a paz que ela menciona na citação é aquela onde temos uma harmonia universal, sob a influência direta do amor.

Sim! Precisamos ensinar às crianças uma habilidade fundamental para hoje e para o futuro: a cooperação. E esses ensinamentos precisam partir de todos os âmbitos da sociedade:  família, comunidade e escola.

Cada vez mais, percebemos que estamos todos conectados, e a importância de haver cooperação para que possamos prosperar.

Como podemos ensinar sobre cooperação para as crianças em nossa família?

Na família, destacamos a responsabilidade do pai, da mãe e das pessoas responsáveis pela criança, já que são os primeiros exemplos de humanidade para as crianças. Através do exemplo, praticando a empatia, tanto na forma de se comportar quanto na forma de se comunicar com as pessoas ao seu redor, já que as crianças tendem a imitá-los.

Se pararmos e olharmos atentamente, vamos perceber que as crianças pequenas têm um instinto cooperativo pulsante dentro delas, querendo participar de tudo que acontece dentro de casa!

E podemos incentivá-las nessa participação. Nas atividades domésticas, nas brincadeiras, na interação com a família, existem diversas oportunidades para vivenciarmos com elas esse sentimento de empatia e de colaboração.

Quando ensinamos a cooperação, estamos aproximando as pessoas e promovendo o incentivo a ajuda mútua!

Aqui vamos citar alguns exemplos de brincadeiras que podem ser cooperativas:

  • A brincadeira de “telefone sem fio”: jogo no qual há um esforço mútuo para cumprir o objetivo de fazer com que a frase falada pelo primeiro jogador chegue no último jogador inalterada. Você pode ver dicas sobre como brincar de telefone sem fio Clicando aqui;
  • Brincar de “siga o mestre”: um participante faz os movimentos e o outro imita. O participante que vai imitar terá que prestar atenção no outro que está fazendo os movimentos, trazendo esse olhar e essa percepção para com o outro. Olha que legal essas dicas sobre como brincar de “siga o mestre”, clicando aqui;
  • Jogos para criar e construir: propiciam o trabalho em equipe, o sentimento de confiança no outro, a satisfação de ver algo construído junto com o outro pronto, a escuta e interesse pelo que o outro tem a dizer e demonstrar. Você pode encontrar jogos com os quais é possível perseguir um objetivo em comum clicando aqui.
Alguns jogos possuem objetivos que podem ser alcançados de forma colaborativa. Um exemplo é o Desafio do Equilíbrio, jogo no qual o objetivo é empilhar todas as peças sem deixar a torre cair. É possível jogar de forma colaborativa ou de forma competitiva.
Jogos de construção são ótimos para que se realize um objetivo em comum. Na foto, duas crianças tentam resolver um circuito de Corrida de Bolinha.

Essa ludicidade é válida também para realizarmos tarefas domésticas com as crianças. Inseri-las, desde cedo, nessas atividades da casa é muito importante e ajuda a criar um senso de pertencimento, responsabilidade e cooperação dentro de casa. Alguns exemplos práticos:

  • Músicas são bem vindas nas atividades domésticas;
  • Brincar de “ajudante do dia” ou de “mestre cuca do dia”;
  • Separar as roupas para colocar na máquina também pode ser uma brincadeira (separar as coloridas das brancas, por exemplo);
  • A atividade de estender ou recolher as roupas do varal também pode ser feita de forma lúdica (a criança vai dando os grampos para o adulto estender a roupa e vai contando os grampos).

Se quiser ler mais sobre como as brincadeiras e o olhar lúdico aproximam pais e filhos, clique aqui.

Como podemos ensinar sobre cooperação para as crianças em nossa comunidade?

Ensinamos a cooperação em nossa comunidade quando passamos a nos interessar mais pelo convívio com as pessoas que estão próximas de nós, como os vizinhos do prédio ou da rua onde moramos.

Sabemos que agora estamos num momento de “distanciamento social”, em decorrência da pandemia que estamos vivendo. Mas, mesmo distantes, existem formas de interagir na comunidade e de ensinar sobre cooperação para as crianças através, principalmente, dos nossos exemplos.

Fazer uma ligação por vídeo entre amiguinhos e amiguinhas, chamar na janela e conversar de longe, perguntar para as pessoas que moram perto de nós se está tudo bem, se precisam de alguma ajuda (aos idosos e pessoas em situação de risco, se precisam de algo do mercado, ou de alguma ajuda para realizar alguma tarefa). Enfim, todas essas atitudes estarão demonstrando para as nossas crianças que podemos ajudar uns aos outros, que existem diferentes realidades ao nosso redor e que é possível e legal criarmos vínculos afetivos com outras pessoas, além daquelas que fazem parte do convívio familiar e escolar.

E dentro do ambiente escolar, há oportunidades para ensinarmos sobre cooperação para as crianças?

Sim! A escola é um ambiente propício a esse aprendizado, que, quando realizado de forma prática, faz com que elas aprendam com muito mais facilidade e eficiência.

E digo mais, o quanto antes expormos as crianças a esse aprendizado, melhor! Iniciando na Educação Infantil e finalizando em uma Universidade, em todas as fases é possível inserir dinâmicas e jogos que ensinam, direta ou indiretamente, nossas crianças e jovens a serem mais cooperativos uns com os outros.

Dentro das escolas da Dinamarca, por exemplo, existem alguns programas que oferecem para as crianças vivências com objetivos de ensinar sobre empatia e cooperação.  Trazemos aqui dois exemplos extraídos do livro “Crianças Dinamarquesas” de Jessica Joelle Alexander e Iben Dissing Sandall:

  • Programa “Livres do Bullying”: crianças de 3 a 8 anos conversam sobre bullying e assédio, de modo a se importar cada vez mais uns com os outros;
  • Crianças com diferentes pontos fortes e fracos são integradas, de forma sutil, por dinâmicas realizadas pelo professor: o objetivo é fazer os alunos verem que todos têm qualidades positivas e devem ajudar-se mutuamente a se tornarem melhores. Esse sistema estimula a cooperação, o trabalho em equipe e o respeito. Um grande ponto importante dessa interação é que, ao ajudar um colega, o aluno precisa compreender o ponto de vista do outro para ajudar naquilo em que ele for a sua maior dificuldade.

Aqui no Brasil também existem algumas escolas que trazem essa visão mais humanista, com foco na construção do aprendizado pelo aluno e nas relações interpessoais, as quais têm sido muito procuradas pelos pais.   Nessas escolas, os educadores estão preparados para utilizar diversas dinâmicas e materiais que estimulam não só o desenvolvimento intelectual dos alunos, mas também o respeito às individualidades, às relações entre as pessoas e suas adversidades, o trabalho em equipe e a cooperação mútua entre as pessoas.

Com a utilização de jogos em que há um objetivo em comum, a cooperação fica mais evidente. Um exemplo disso é a criação de circuitos em conjunto com os brinquedos Efeito Dominó e Corrida de Bolinha.

Nesse contexto, os brinquedos não estruturados podem ser aliados nesse aprendizado, pois são materiais que propiciam a interação entre os envolvidos com a brincadeira. Eles permitem às crianças imaginarem, criarem soluções, expressarem suas ideias. Assim, quando os brinquedos são disponibilizados para duplas ou grupos de crianças, elas criam juntas e exercitam a capacidade de dialogarem entre si e de aprenderem compartilhando ideias.

Se quiser ler mais sobre benefícios dos brinquedos educativos, clique aqui.

Uma dinâmica que pode ser realizada com a utilização de brinquedos não estruturados é deixar as crianças brincarem livremente e interagirem com as ideias umas das outras.

Esperamos, com esse post, ter ajudado você a refletir um pouco sobre como podemos estar ensinando às crianças a respeito da importância da cooperação em nosso dia-a-dia.

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Nós, da Lume, desenvolvemos brinquedos que estimulam a interação durante a brincadeira, e podem ser ótimos aliados no desenvolvimento da cooperação.

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